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A guerra de cem anos atrás

  • Foto do escritor: Renato Grinbaum
    Renato Grinbaum
  • 5 de set. de 2015
  • 2 min de leitura

Confesso: Existem livros que deveriam ser relidos, muitas vezes por problemas do leitor. Eu deveria reler "Soldados rasos", culpa da expectativa. Esperava muito, desde a promoção da editora até a pesquisa em São Google. Mas a expectativa mata a obra. Nem tanto os comentários sobre a qualidade do texto, mas o próprio enredo. Mergulhei na leitura esperando um relato de batalhas e de muito sangue. O livro é a descrição da vida de um soldado raso, Bourne, em 1916 no nordeste da França.

Próximo à metade do livro percebi que tinha outro texto à minha frente. Que correspondia a todos os elogios que recebera. Encontrei algo que não se assemelhava a uma descrição de batalhas, repleta de ação. A ação existe, mas uma ação de trincheiras, lenta e nada resolutiva. Um franco atirador, uma missão com dois mortos, muito tempo à espreita, revezando o tédio entre a terra e as cidades próximas. Nada de um simples relato de guerra e batalhas, ou memórias romanceadas, o que no fundo o livro é. Antes disto, o livro carrega toda a carga moral de um excelente personagem, o soldado Bourne.

Repleto de epígrafes de Sheakspeare, Manning faz um personagem de certa forma Sheakespearano. Maravilhoso. Bourne carrega um dilema que é o grande mote do livro, mais do que a própria guerra. Ele possui o tino da liderança, assim é visto por seus colegas, ainda assim quer continuar na frente de batalha como um comum. Nega o poder, articula em nome da manutenção da sua identidade. Este é o conflito maior do livro, um homem que quer ser igual quando é visto como maior que os mesmos.

Outros grandes personagens passam por nossos olhos. Capitão Malet, entre outros. Todos bem construídos, e numa linguagem repleta de pequenas digressões que escapam de um simples relato fotográfico.

 
 
 

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