Peste e história
- Renato Grinbaum
- 5 de set. de 2015
- 1 min de leitura
O trabalho de Brooks é brilhante. Ela reconstitui a epidemia de peste negra num vilarejo, descreve com minúcias a progressão doença, a reação da comunidade e as hipóteses para a forma de disseminação. Tudo verídico e bem documentado. Seu priblema está na personagem principal. Linear, pétrea, quase insensível. A autora constrói uma heroína semi-perfeita que beira à inverossimilhança, o que contrasta com o enredo espetacular que construiu. Tenta criar um líbelo de feminismo numa o indivíduo destacado da sociedade ainda mal existia, muito menos uma mulher com tamanha independência. A personagem do livro viveria bem no século XXI, nunca na época da peste negra. O final acaba sendo decepcionante para um livro tão bem pesquisado e bem escrito. Uma pena. Ainda assim, merece ser lido, com estes descontos. Se a proposta é a de se escrever um livro histórico, é muito desconfortável trazer uma ideologia posterior para uma época quando ainda não existia. Caso contrário, a história será transformada em milhares de episódios de Fred Flintstone.

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